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2014? Não basta ser candidato ao governo: é preciso construir a candidatura.


Nos últimos dias, o assunto próximo governador de Sergipe vem ganhando espaço na mídia. De analises inteligentes feitas por jornalistas sérios a informações plantadas por jornalista que torce por partido político. De publicidade para político patrão a barrigada. Tudo soa propício à época pré-eleitoral. A cada ano, aliás, o prazo entre uma eleição e outra atenua curiosamente. Viveu-se a eleição de 2012, a propósito, com o oxigênio do pleito de 2014. E nós jornalistas, inclusive, embarcamos no açodamento e alimentamos a cultura. Façamos a meia culpa.     

Por ordem alfabética, para evitar despertar ciúmes em lambe botas: Antônio Carlos Valadares, Eduardo Amorim, Jackson Barreto, João Alves, Mendonça Prado, Rogério Carvalho. Dificilmente, o próximo governador de Sergipe será alguém fora desta lista.

E olha que poderíamos muito bem, à luz de pesquisas, e não de ‘achismo’, reduzir o arranjo para apenas dois, no máximo, três nomes. Há um deles que teria hoje 40% da preferência do eleitor. Mas, por razões óbvias, não podemos revelar quem.   

O fato é que todos políticos citados sonham com o governo. Déda, por certo, queria continuar, mas, obviamente, não tem mais direito a reeleição. Albano sonha, mas... Em resumo: qualquer político sonha em governar o Estado. Só não escrevo aqui que qualquer pessoa em perfeita sanidade mental quer o cargo em respeito a Nelson Rodrigues.

O problema, no entanto, não é ajuizar que fulano ou beltrano é ou não é candidato. Não é jornalista plantar a informação da candidatura sem argumentação convincente mesmo com o político negando a notícia. O problema não é o desejo, mas a chamada viabilidade da candidatura.

Com bem disseram Déda e Valadares, a propósito do tema, Jackson Barreto tem que viabilizar sua candidatura. Vou mais além: qualquer um da lista exposta aqui precisa fazer isso. Qualquer candidatura, seja para ser síndico de prédio ou presidente da República, precisa ser viabilizada. Construída, melhor definindo.

É preciso construir a candidatura dentro do partido, posteriormente, dentro do bloco político, para só aí, levá-la às ruas de Sergipe para o teste final das urnas. Fora isso, o sonho de chegar ao Palácio onde atualmente Déda despacha, será um mero balão de ensaio. Um blefe a enganar e desmoralizar – inclusive quem insiste propagar candidatura alheia, “não se sabe com qual interesse”, mesmo com o próprio político negando.

Neste processo de construção, o político que consegue aparecer bem nas pesquisas sai na frente. Tem argumento para discutir com os seus pares e tentar emplacar seu nome. Aglutinar. A densidade eleitoral é fundamental. Do mesmo modo, conseguir palanques de líderes políticos fortes nos mais variados municípios. E, obviamente, ‘dindin’. Sem dinheiro, não se vai muito longe em política. Às vezes, sequer se consegue sair do lugar.

Seria bom também o político levar em conta um projeto coletivo em sintonia com as reais necessidades da sociedade. Primar pela honestidade. A ética. A empatia com a sociedade – sobretudo a gama mais necessitada. Mas, em se tratando de política, soa “pedir demais”.                           

Perceba, então, que há toda uma engenharia, que, como disse, começa na persuasão dentro do partido e desembarca nas ruas e na televisão dentro da visão de um marqueteiro - profissional ou não. Ou seja, não basta ser um sonhador solitário, dizer que é candidato e pronto. Ninguém consegue ser candidato de si. 

Pegue-se como base a última eleição para prefeito de Aracaju. O então candidato Almeida Lima sonhou? Sem dúvidas. Disse que era candidato? Aos quatro cantos da capital e até foi até à véspera do pleito com a ideia.  Mas parou ou não no finalzinho do processo por não persuadir sequer seus pares do PPS? O presidente Nilson Lima esteve tão à margem do sonho de Almeida que, posteriormente, desembarcou no governo João Alves – de longe o maior alvo das críticas de Almeida.

Se dentro do PPS Almeida não conseguiu emplacar, imagine a construção dentro do bloco?  Bloco? E o PPS tinha bloco? Almeida também demonstrou não ter densidade eleitoral. As pesquisas espelharam isso. Desta forma, o próprio Almeida Lima sentiu que a engenharia estava comprometida, e acabou jogando a toalha, antes mesmo de as urnas confirmarem o veredicto...

... Quando disse neste espaço que Valadares cogita disputar a eleição de governador, que ele é “o cara”, o fiz por entender que há o pensamento em montar esta engenharia dentro do grupo liderado pelo governador Marcelo Déda. Como um dos líderes do grupo, Valadares estaria a aproveitar o desgaste entre Déda x Jackson, que, por sua vez, vem fazendo o que pode para viabilizar seu sonho. Mas, esperto, Valadares aproveitou o clima e passou a se mexer também.  

Portanto, o problema não é querer governar Sergipe. Não é ser candidato, mas construir o caminho para, pelo menos, entrar na disputa. O deputado federal Rogério Carvalho é um bom exemplo. Ele construiu boa parte deste caminho para disputar a Prefeitura de Aracaju, em 2012, mas acabou ficando de fora do pleito, perdendo “sua vaga” para o também deputado Valadares Filho. Venceu a deputada Ana Lúcia no partido, mas tropeçou na aglutinação dentro do grupo. Pesou Déda e o então prefeito Edvaldo Nogueira optarem por Valadares Filho. Pesou o fato de concorrer com o filho de um senador ex-governador – cuja densidade eleitoral poderia ser perpassada (ao menos parte dela) em 2014. Pesou, em resumo, Rogério não ter como construir sua candidatura. E mesmo “sendo candidato”, não foi.

Fonte: Universo Político

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